O Diferencial do Nordeste

Ex-governadores e líderes de desempenho acima da média se credenciam na construção da nova fase do Brasil

A escolha de lideranças políticas e de governadores, ex-governadores bem sucedidos e aprovados pela população na Região Nordeste para assumir ministérios no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente da República simboliza a importância da região em sua eleição.

São vários os líderes de expressão reconhecida. Algumas das principais pastas sociais e orçamentárias estão sob comando de ex-governadores nordestinos. É o caso de Wellington Dias, ex-governador do Piauí, e senador eleito pelo PT, à frente do Ministério do Desenvolvimento Social, responsável por um dos programas mais importantes quando se trata de política social: o Bolsa Família (ex- Auxílio Brasil).

Sob sua tutela e comando estão destinados R$ 198 bilhões, conforme prevê o projeto orçamentário de 2023, além de R$ 145 bilhões fora do texto de gastos para continuar o pagamento de R$ 600 do Bolsa Família, e retomar a Farmácia Popular e o Auxílio Gás – promessas de campanha do presidente eleito.

A segunda voz?

O baiano e petista Rui Costa, governador por dois mandatos do seu estado, representa a segunda voz no novo governo Lula. Ao Ministério da Casa Civil cabe analisar, formular e enviar decretos e propostas legislativas para o Congresso Nacional. Pela proximidade com o presidente da República, o ministro dessa pasta é considerado o mais importante da Esplanada.

Outro ministério tão importante quanto é a Educação. O ex-governador do Ceará e senador eleito Camilo Santana, também do PT, tem à frente a determinação de Lula de colocar a educação novamente como prioridade para os brasileiros, principalmente os mais vulneráveis e sem acesso à educação.

Santana conhece bem a temática educacional, já que seu estado é um dos exemplos exitosos na educação pública do país, por vários anos, independente de quem esteve no comando do governo. Ao seu lado, a ex-governadora do Ceará Izolda Cela (ex-PDT) também dará suporte para alavancar os índices educacionais de crianças e jovens por todo o país.

Capacidade técnica e aprovação

Para o cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco, Adriano Oliveira, a nomeação de lideranças do Nordeste para parte do time do primeiro escalão representa capacidade técnica de se articular politicamente com os segmentos envolvidos, além de serem governadores e ex-governadores aprovados pela população. Um segundo ponto, segundo Oliveira, é o território político.

 “O Nordeste é o quartel general do PT. Do lulismo. Portanto, o Nordeste tem que ter uma boa representação já que historicamente o Lulismo é muito bem votado nesta região. Em terceiro lugar, diria que fundamental é que Lula foi quase obrigado a ter essas pessoas no ministério. São políticos competentes, aprovados nos seus respectivos estados e com capacidade política e técnica”, acrescenta.

Justiça e Defesa

O ex-governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), e também senador eleito, para o Ministério da Justiça e Segurança Pública também é um braço direito na composição do governo.

Entre os eixos principais da pasta estão o combate à desigualdade, proteção da Constituição e defesa da democracia, considerados cruciais para o novo governo.

O pernambucano José Múcio Monteiro, ex-presidente do Tribunal de Contas da União, foi o escolhido para o comando do Ministério da Defesa.

Lula tem em José Múcio uma relação de amizade de décadas. Monteiro, que atualmente está no PTB, tem um papel importante neste governo: apaziguar a relação dos militares com o presidente Lula, severamente atribulada pelo seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).

“José Múcio é uma pessoa extremamente articulada. Consequentemente por ela ser essa pessoa articulada tem esse peso político no governo. Eu não considero como uma indicação nordestina. Mas, fruto da sua capacidade de articulação e inteligência que faz com que ele esteja no ministério da Defesa”, avalia Adriano Oliveira.

Ciência, Tecnologia e Cultura

Outras duas áreas da pirâmide social do governo e relegadas a segundo plano no governo anterior são Ciência e Tecnologia e Cultura.

Duas mulheres nordestinas foram as escolhidas para compor os ministérios: Luciana Santos, ex-vice-governadora de Pernambuco e presidente do PC do B, tem à frente a tarefa de recompor e valorizar a ciência e a pesquisa no Brasil.

No Ministério da Cultura, a baiana Margareth Menezes, compositora e cantora, tem sob sua tutela reestruturar as políticas cultural e popular do país, notoriamente esfaceladas pelos antigos gestores.

Na avaliação de Oliveira, no caso de Luciana Santos a representação é partidária, pois o PC do B compôs a frente ampla e federativa que elegeu o presidente Lula, assim como outro pernambucano, o presidente do PSD, ex- deputado federal André de Paula, nomeado para o Ministério de Aquicultura e Pesca.

“Avalio que as outras nomeações são de caráter partidário. Já Margareth Menezes é uma circunstância social por ter aprovação de pessoas do setor cultural”.

 

* Matéria originalmente publicada na edição 192, de Janeiro 2023, da Revista Nordeste pela editora do EJ, Luciana Leão

*A Revista Nordeste é parceira do Escritório de Jornalismo

 

 

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Luciana Leão

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