Estudo da CNI, porém, aponta gargalos a serem resolvidos como, por exemplo, atualização das legislações municipais para permitir a instalação de antenas. E mais. Segundo o Movimento Antene-se, apenas 1% dos municípios brasileiros têm leis preparadas para receber a quinta geração de internet móvel.
A entrada em operação da geração 5G, recentemente, no país, em princípio pelo território do Distrito Federal vai impactar toda a cadeia produtiva, o que vai obrigar as empresas e setores da sociedade, especialmente aqueles que precisam de acesso à Internet de alta velocidade e baixa latência a planejarem com antecedência uma estratégia de atuação que contemple as novidades que serão incorporadas ao seu modelo de negócio antes mesmo de se tornarem realidade.
Além do uso em smartphones, o 5G como tecnologia de ponta dará entrada a inúmeras aplicações que ainda nem imaginamos, mas sem uma rede robusta e de alta qualidade que as suporte, a rede 5G por si só, não será suficiente.
Estudo elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que quanto mais rápida for a implementação da nova geração de internet móvel, maior será o impacto do 5G sobre o crescimento econômico do Brasil.
Segundo o levantamento, a diferença entre uma disseminação acelerada ou lenta será de 0,2% no PIB potencial per capita de 2030, o que equivale a R $81,3 bilhões. A CNI trabalhou com dois cenários de implementação da tecnologia no país. No mais otimista, a penetração será de 81% em 2030. No mais pessimista, cai para 40,5%. O crescimento potencial do PIB é calculado a partir do crescimento da população em idade ativa (PIA) e da produtividade do trabalho.
E é justamente esse indicador que será impactado com a adoção do 5G, diz a CNI. A baixa latência e alta velocidade na transmissão de dados vai permitir ampliar as atividades que precisam de automação e digitalização, favorecendo a consolidação da indústria 4.0.
O estudo destaca, no entanto, que há reformas necessárias para a ampla difusão do 5G mais rapidamente, como:
● Atualização das legislações municipais para permitir a instalação de antenas;
● Redução da insegurança jurídica associada ao compartilhamento de infraestrutura;
● Regulamentação das redes privativas;
● Uso dos fundos setoriais de telecomunicações de maneira mais eficaz e transparente;
● Aprovação de uma reforma tributária para diminuir o peso de impostos indiretos sobre os serviços de telecomunicações.
E mais: De acordo com o Movimento Antene-se, apenas 1% dos municípios brasileiros têm leis preparadas para receber a quinta geração de internet móvel.
Gargalos
Segundo ainda o estudo da CNI, o principal gargalo da infraestrutura é o baixo número de antenas instaladas. Para funcionar em sua totalidade, o 5G vai precisar de cinco vezes mais antenas do que o 4G dispõe atualmente.
Já se antecipando a esses gargalos, a Ellalink, empresa privada e independente, nasceu para antecipar esta demanda por alta qualidade e baixa latência entre as redes intercontinentais, sendo assim o primeiro cabo submarino de fibra ótica de alta capacidade a conectar diretamente a América Latina à Europa.
Sendo uma plataforma óptica avançada que oferece conectividade segura de alta capacidade em uma rota transatlântica de baixa latência exclusiva, a rede conecta diretamente os principais hubs do Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza) e da Europa (Lisboa, Madri e Marselha).
“Com o 5G, vai aumentar tanto o tráfego de dados em aplicações que hoje só são atendidas pela rede fixa de fibra, com a necessidade de uma latência menor”, afirma Rafael Lozano, gerente de Brasil da EllaLink, em entrevista exclusiva à Revista Nordeste.
“Foi com esta visão que o cabo EllaLink foi desenhado, para completar a comunicação direta entre América Latina e Europa como peça-chave do mapa mundial de cabos submarinos”, acrescenta.
Fortaleza na ponta
Inaugurado há um ano, o cabo EllaLink liga Fortaleza, no Ceará, a Sines (Portugal). Contém 4 pares de fibra óptica e se estende por 6 mil quilômetros no fundo do Oceano Atlântico. Antes de entrar em operação, as conexões entre os dois continentes passavam pelos Estados Unidos. Como Fortaleza está mais próxima do continente europeu do que da América do Norte, o novo cabo permite reduzir em até 50% a latência, como é chamado o tempo de resposta na transmissão de dados.

“Entre as principais características do cabo EllaLink, citaria a capacidade de transmitir até 100 terabits de dados por segundo, com uma latência de apenas 60 milissegundos entre Brasil e Europa, atributos essenciais para dar suporte às conexões ultrarrápidas 5G”, acrescenta Lozano.
Ou seja, além de já beneficiar negócios digitais, bancos eletrônicos, mídia de entretenimento e jogos online, o cabo EllaLink, com o 5G vai ajudar a rodar com mais eficiência os aplicativos e serviços digitais que vão movimentar a economia global na próxima década – dos serviços de streaming à telemedicina, passando pela Internet das Coisas (IoT), carro autônomo, realidade virtual, e-games e serviços financeiros, além de futuras aplicações de Inteligência Artificial (IA).
Tempo é dinheiro
Os cabos submarinos sempre foram essenciais para a comunicação de longo alcance. O primeiro foi instalado em 1858, entre a Irlanda e o Canadá, para o tráfego de telegrafia. Em 1900 já existiam 208 mil quilômetros de cabos submarinos espalhados pelos oceanos. Depois, acabaram incorporados para a transmissão telefônica.
Os cabos submarinos de fibra óptica, com uma tecnologia mais avançada, foram desenvolvidos em meados dos anos 1980. Eles se tornaram uma alternativa mais barata e rápida de transmissão de grande quantidade de dados se comparados aos satélites — mais eficazes no fornecimento de acesso à Internet para áreas remotas, onde é fisicamente difícil ou proibitivamente caro construir um cabo terrestre ou submarino.
Hoje, 426 cabos submarinos de fibra óptica se estendem por uma malha de 1,6 milhão de quilômetros no fundo dos oceanos. O rápido desenvolvimento da tecnologia digital, privilegiando cada vez mais a transmissão de grande quantidade de dados com baixa latência e o uso da computação em nuvem (cloud computing, em inglês) levaram as empresas gigantes do setor – Google, Microsoft, Facebook e Amazon – a investir mais de US$ 20 bilhões nos últimos anos na construção de seus próprios cabos.
* Matéria publicada originalmente na edição 186, de julho de 2022, na Revista Nordeste revistanordeste.com.br produzida e escrita por Luciana Leão
.
[…] Leia mais : Geração 5G vai impactar toda a cadeia produtiva no Brasil […]