Piauí, rumo à revolução tecnológica

Em entrevista exclusiva à Revista Nordeste, o presidente da Agência de Atração de Investimentos Estratégicos do Piauí, Victor Hugo Almeida, revelou que o estado prioriza a transformação digital e a infraestrutura econômica e logística como eixos principais do Desenvolvimento Econômico do Estado para os próximos 4 anos

Quando o governador Rafael Fonteles (PT) assumiu em janeiro deste ano o comando do estado do Piauí, suas primeiras determinações foram o de traçar as linhas mestras do planejamento, com foco nos projetos estruturadores.

Como ponto de partida para acelerar o desenvolvimento do estado, coube ao Victor Hugo Almeida, presidente da Investe Piauí, Agência de Atração de Investimentos Estratégicos do Piauí, e sua equipe dar o pontapé para colocar em prática as prioridades definidas pelo governador: A Transformação Digital do Estado e moldar o arcabouço da infraestrutura econômica e logística do estado.

Mãos à obra

Com as tarefas às mãos, os gestores foram conhecer experiências públicas consideradas expoentes pelo mundo, quando a temática é a transformação digital.

Uma delas resultou numa cooperação técnica com o governo da Estônia, um pequeno país ao norte da Europa, referência em transformação digital pública no mundo e a Universidade Estadual do Piauí, onde a troca de conhecimento já se traduz na prática com a criação de projetos nos diversos cluster, como os de Saúde, na capital Teresina, e o Hub de TIC.

Além de internalizar a transformação digital no ambiente público, o Governo vai criar em março a Câmara do Comércio Digital Piauí-Europa na Estônia, um fomento à atração de investimentos para o estado, pontua Victor Hugo.

Victor Hugo é o presidente da Investe Piauí / Foto Ascom Investe Piauí

 

 “Queremos e já estamos fazendo a transformação digital no Piauí. O salto de desenvolvimento de nossa economia será a tecnologia. O Estado já tem uma base firme. Somos líderes de internet banda larga (fibra óptica) no País, conquista que veio por meio da do projeto Piauí Conectado”, acrescenta. “No breve futuro, seremos o governo mais digital do Brasil”, reforça o executivo.

Conexão com Massachussets

O Piauí literalmente atravessou o Atlântico e foi em busca de conhecimentos e parcerias. Além da Estônia, o Estado foi o segundo no País a fechar parceria com o MIT, ou Massachusetts Institute of Technology, um dos principais centros de estudo e pesquisa em ciências, engenharia e tecnologia do mundo.

“Recentemente tivemos a visita de um grupo de professores do MIT para acelerar o nosso projeto de Aceleradora de Startup e abrimos um edital convocatório para 400 vagas de negócios inovadores, oferecendo mentorias. Vamos tornar o Piauí o melhor ambiente de negócios. Queremos que empresas venham investir em nosso estado com segurança, sem burocracia e oferecendo a melhor infraestrutura com tecnologia de ponta. Tornar o Piauí o melhor ambiente de negócios do Brasil, ágil, sem burocracia, centrado, tecnológico”,acrescenta o presidente da Investe Piauí.

Contrastes

Apesar de ser um dos estados com um Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas as riquezas da economia) abaixo da média do País, é o sétimo menor, com R $44,7 bilhões (2019), o Piauí, por outro lado, revela-se com outras facetas para os novos desafios do mundo: um grande potencial de crescimento em energias renováveis.

É no Piauí, que está localizada a maior usina solar de geração centralizada da América Latina, já em operação, na cidade de São Gonçalo do Gurguéia.

O empreendimento, de R $1,4 bilhão de investimentos, pertence à Enel Green Power, por meio de seu braço no Brasil, a Enel Green Power Brasil. A usina possui 2,2 milhões de painéis solares e utiliza módulos solares bifaciais, que captam energia solar de ambos os lados do painel.

“Em energia centralizada, a geração em grandes parques solares, podemos afirmar, com certeza, que somos o 1º do Brasil em potência instalada, sem envolver a energia descentralizada, aquela gerada por via doméstica, por kits solares”, pontua o diretor-presidente da Investe Piauí.

Do sol ao vento, rumo ao H2V

Complexo de Lagoa dos Ventos, um dos maiores parques eólicos do Brasil. / Divulgação

O Piauí foi o estado brasileiro que mais apresentou crescimento na geração de energia eólica do país em 2022, com um aumento de 24,85% a mais do que havia produzido em 2021.

As outras unidades da federação que se destacaram no aumento de energia eólica foram a Bahia, que cresceu 21,35%, e o Rio Grande do Norte, com crescimento de 8,4%. É o que apontou o levantamento da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), divulgado no início de fevereiro.

Além disso, o Piauí teve um desempenho superior ao crescimento da geração desse tipo de energia no país. De acordo com o levantamento da CCEE, a geração de energia eólica no Brasil cresceu 12,6% no comparativo anual, contra os 24,85% do Piauí. Isto é, o crescimento da geração eólica no Piauí foi o dobro da nacional

Atualmente, o Piauí possui o maior parque de energia eólica em operação na América Latina. Localizado nos municípios de Lagoa do Barro do Piauí, Queimada Nova e Dom Inocêncio, o complexo Lagoa dos Ventos possui 230 turbinas eólicas em atividade.

Hidrogênio verde

A Associação Brasileira de Hidrogênio (ABH2), em recente levantamento, aponta que o Piauí está entre os dez estados brasileiros considerados hubs em hidrogênio verde (H2V).

A meta do Governo do Estado é continuar investindo no aumento da produção de energia a partir de fontes limpas, de modo a substituir gradativamente a matriz energética do Piauí por energias renováveis, bem como ampliar o acesso dessa forma de energia para micro, pequenos e médios produtores.

Agronegócio, proteína animal e logística intermoda

Para ampliar e interiorizar a economia, o governo continua a incentivar o agronegócio na região do cerrado piauiense, que faz parte de Matopiba (Maranhão,Tocantins, Piauí e Bahia), uma área considerada o novo celeiro dos negócios em agricultura e pecuária. A região de Matopiba corresponde a 12% da produção de soja no Brasil.

Por estar localizado no centro da região Nordeste, o Piauí vem investindo na formatação de intermodais que se conectam entre si e entre os demais estados do Nordeste e Norte e, dessa forma , facilitar o escoamento da produção, um dos gargalos da economia, já que toda soja e milho produzidos no cerrado piauiense é transportado para o porto de Itaqui, no Maranhão.

Logística intermodal

O eixo logístico que faz parte do planejamento do Governo abrange o Anel Rodoviário da Soja, sendo esse cultivo de maior destaque na produção de grãos no Piauí, seguido do milho e do algodão.

A soja representa 70% do volume de produtos exportados pelo Piauí, que ocupa atualmente o 9º lugar entre os estados do Brasil em produção de grãos.

Victor Jugo em uma plantação de soja em Matopiba/ Divulgação

O segundo modal é a Hidrovia do Parnaíba que vai incrementar a competitividade do polo de grãos ao Norte e Sul, com interconexão aos portos de Itaqui (MA), Pecém (CE) e Porto Luís Correia (PI), seguido da Ferrovia de Teresina ao porto Luís Correia.

“Ao longo dessa espinha dorsal, temos parques empresariais a serem investidos por Centros de Distribuição, indústrias diversas que agreguem valor ao agronegócio. Digo, por exemplo, calçados, tratores e, em outras regiões, destilarias, processamento da castanha de caju, frigoríficos, kitesurfe no litoral”, aponta o executivo.

Parques Empresariais

O diretor-presidente da Investe Piauí adiantou à Revista Nordeste que as tratativas para implantação dos parques empresariais nos diversos setores da economia pelo interior e litoral estão bem adiantadas.

Um dos exemplos é o Parque Empresarial do Terminal Pesqueiro de Luís Correia, que está em fase de licitação, com previsão de R$ 150 milhões de investimentos oriundos do Tesouro Estadual. O início das obras está previsto para o primeiro semestre de 2023 e finalização em 2024.

O Terminal Pesqueiro é um projeto iniciado em abril de 2021, para fomentar a atração de investimento privado e com melhoria da logística e transporte hidroviário.

No futuro, diz Victor Hugo Almeida, “teremos capacidade de receber cargas de minérios e grãos, cabotagem, passageiros. Uma melhor logística que vai agregar o setor de agronegócio e pesqueiro no estado”.

Victor Hugo adianta que o projeto intermodal vai possibilitar que o Piauí se torne, no futuro próximo, um celeiro de processamento de proteína animal:carnes bovinas, suínas, frangos, caprinos e pescados. “Grandes investidores já estão interessados em negociar”, conclui o executivo.

 

*Entrevista exclusiva publicada originalmente na edição 193, da Revista Nordeste, a qual a editora do EJ é parceira do projeto

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Luciana Leão

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