Data pede preservação de ecossistemas aquáticos essenciais para os pássaros; 48% das espécies de aves em todo o mundo estão passando por declínios populacionais; Cerca de 35% das zonas úmidas foram devastadas.
Vocês sabiam que, neste 13 de maio, celebra-se no mundo o Dia Mundial das Aves Migratórias? O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, destaca a importância da água para esses animais.
O apelo da campanha deste ano é pela preservação dessas espécies, garantindo a qualidade e a quantidade da água que elas precisam.
No Brasil, temos áreas que precisam ser cuidadas. Segundo estudo recente do ICMBio, das 216 espécies migratórias, 92 (42%) se reproduzem no Brasil. As restantes utilizam sítios reprodutivos na América do Norte, em áreas no sul da América do Sul e Antártida ou, ainda, a oeste, na região andina.
‘Na primavera e verão, o país recebe populações migrantes vindas do hemisfério Norte e, quando estas iniciam seu retorno, as espécies austrais começam a se deslocar para o norte, invernando especialmente nos estados das regiões Sul e Sudeste’ – trechos do relatório do ICMBIO.
Cerca de um terço das famílias de aves brasileiras é representado por ao menos uma espécie que exibe comportamento migratório. Apesar disso, cinco famílias são responsáveis por mais de 50% (112) das espécies migratórias: Tyrannidae (36), Scolopacidae (23), Procellariidae (22), Thraupidae (16) e Laridae (15).
Mais pesquisas e estudos
Ainda assim, segundo o estudo, apesar do esforço desde 2000, algumas famílias permanecem pouco estudadas sobre seu comportamento migratório em relação à quantidade de espécies que englobam, como por e exemplo a família Tyrannidae (e.g., Joseph & Stockwell 2000, Joseph et al. 2003, Alves 2007, Areta & Bodrati 2008, Jahn et al. 2013, Guaraldo el al. 2016, Bejarano & Jahn 2018, Jahn & Guaraldo 2018, Jahn et al. 2019, Pollack-Velasquez et al. 2020), de forma que o conhecimento relacionado ainda é reduzido. (Relatório do ICMBIO).
Espécies migratórias habitam todos os ecossistemas, sejam eles de matriz florestal ou campestre, lacustres, costeiros ou marinhos (Somenzari et al. 2018).
Entretanto, podem apresentar requerimentos especiais para sobreviver, como a necessidade de conservação de habitat e recursos alimentares em áreas disjuntas, muitas vezes separadas por milhares de quilômetros (entre sítios de reprodução e de invernada).
Há, ainda, aquelas para as quais é crucial a manutenção de áreas específicas que são utilizadas de forma breve durante o deslocamento, para descansar, realizar muda das penas, alimentar-se e adquirir as reservas energéticas necessárias para a continuação de sua viagem.
A falta de informações sobre esses requerimentos pode implicar grandes perdas populacionais. Segundo a BirdLife International (2014), 40% das espécies de aves que realizam movimentos migratórios podem estar sofrendo declínio populacional.
América do Norte
Para a América do Norte, estima-se que cerca de 58% das espécies nativas migratórias apresentaram declínio populacional nas últimas cinco décadas (Rosenberg et al. 2019).
Ciclo de vida
A grande maioria dos pássaros depende de ecossistemas aquáticos durante seus ciclos de vida e migrações. Pântanos, rios, lagos, riachos e lagoas são vitais para eles.
Esses ambientes provêm alimentação e bebida para as aves e funcionam também como locais de descanso durante as longas jornadas.
Entretanto, os ecossistemas aquáticos estão cada vez mais ameaçados em todo o mundo, assim como as aves migratórias que dependem deles.
A crescente demanda humana por água, a poluição e as mudanças climáticas estão tendo um impacto direto na disponibilidade de água potável e no estado de conservação de muitas aves migratórias.
Os dados mais recentes do Pnuma revelam que 48% das espécies de aves em todo o mundo estão passando por declínios populacionais.
Cerca de 35% das zonas úmidas do mundo, críticas para as aves migratórias, foram devastadas nos últimos 50 anos.
Lagos desaparecendo ao redor do mundo
O grande lago salgado de Utah, nos Estados Unidos, e o maior do Hemisfério Ocidental usado por mais de um milhão de aves, corre o risco de desaparecer em cinco anos.
Outro exemplo é o Sahel, uma vasta região semiárida na África. Períodos prolongados de seca, desmatamento e excesso de pastos no levaram à degradação do solo e perda de vegetação, ameaçando a sobrevivência da população humana local e da vida selvagem, incluindo pássaros.
Já o Lago Chade, uma das maiores massas de água da África em 1960, perdeu 90% de sua área, esgotando os recursos hídricos das comunidades locais e de muitas aves migratórias.
O Dia Mundial é uma campanha anual de conscientização que destaca a necessidade de conservação das aves migratórias e de seus habitats.
Cooperação internacional
O alcance global da campanha ajuda a aumentar a conscientização sobre as ameaças enfrentadas pelas aves migratórias, sua importância ecológica e a necessidade de cooperação internacional para conservá-las.
A campanha anual é organizada pela Convenção sobre a Conservação de Espécies Migratórias de Animais Selvagens, CMS, o Acordo Africano-Eurasiano de Aves Aquáticas Migratórias, Aewa, Meio Ambiente para as Américas, Efta, e a Parceria Asiático-Australásia do Leste Asiático, Eaafp.
O Dia Mundial das Aves Migratórias 2023 é celebrado em 13 de maio e 14 de outubro. Os dois dias refletem a natureza cíclica da migração das aves, bem como o fato de que existem vários períodos de pico de migração nos Hemisférios Norte e Sul.
* Com informações do ICMBIO e ONU NEWS