A importância da disrupção na Construção Civil

Um dos setores que mais impactam o meio ambiente é o da Construção Civil, relata estudo do Conselho Internacional da Construção (CIB), sendo mais de um terço dos recursos naturais extraídos no Brasil direcionados para a indústria da construção e 50% da energia gerada abastece a operação das edificações.

Além disso, o setor é um dos que mais produzem resíduos sólidos, líquidos e gasosos, responsável por mais de 50% dos entulhos, entre construções e demolições.

No paradoxo, apesar dessas estatísticas, o Brasil está bem posicionado em relação às construções sustentáveis no ranking mundial elaborado pelo Green Building Councilg mundi Brasil (CBC), ficando atrás apenas da China, Emirados Árabes e Estados Unidos.

Para conhecer um pouco mais sobre tendências propositivas no segmento conversamos com o arquiteto pernambucano, César Barros Atikum, com um trabalho reconhecido em todo o Brasil, com escritórios no Recife e na Ilha de Jatobá, em Petrolina, e com o diretor Executivo do grupo Falcão Engenharia, Isaac Falcão, também com atuação no sertão pernambucano.

Duas experiências antagônicas, mas que se encontram na defesa de um setor mais humanizado, com indução de mais práticas sustentáveis em seus projetos.

Cidades ancestrais e disruptivas

Para o arquiteto César Barros Atikum o mundo exige a necessidade de a sociedade como um todo ter outros comportamentos em relação à natureza e atitudes com o meio ambiente.

“Atitudes que remetem à ancestralidade. É preciso entender que as cidades atuais reafirmam o equívoco humano, que pode, por sua vez, passar a ter outra vontade de uma cidade disruptiva e ancestral”.

O próximo passo do Brasil, na opinião do também urbanista, será a construção de cidades inclusivas a partir da incorporação de códigos urbanísticos ancestrais no processo de humanização da paisagem.

Valorização da matéria prima local

Nesse contexto, Barros cita o Nordeste, especificamente no Sertão pernambucano, onde existe uma grande oferta de materiais disponíveis, como granito, pedra, argila, palha, madeira, entre outros. Ele lembra a importância do uso de materiais do próprio lugar e, dessa forma, evita-se grandes deslocamentos que provocam emissão de CO2.

“Ao se usar insumos da circunvizinhança, especifica-se materiais que, ao se decomporem, irão se incorporar à natureza, diminuindo a pegada ecológica e ainda reforçando a economia local”.

Infelizmente, complementa o arquiteto, hoje se pratica a lógica da repetição, por comodismo, moda ou negligência, do uso exacerbado de revestimentos cerâmicos que conseguem imitar qualquer textura, ignorando a essência dos materiais.

Tendências 2023

A redução dos impactos ambientais é uma pauta latente do mercado da Construção Civil e deve ser priorizada pelo setor, defende o empresário petrolinense Isaac Falcão.

Em suas empresas, especificamente a Alencar e Falcão Engenharia, o braço de construção residencial, vem sendo adotada uma tecnologia Light Steel Frame, conhecida como construção a seco, obra limpa com pouca geração de resíduos.

 “Não há aquela quebradeira que a gente é acostumado a ver nas construções convencionais. Menos uso de água e menos geração de resíduos”, defende.

Automação

Além da redução do uso da água e da introdução de materiais mais leves, a tendência para os próximos anos no segmento, diz o empresário e construtor, é o uso cada vez mais da automação predial, que traz eficiência energética. “Sem falar que em todas as nossas obras utilizamos a energia solar”.

Com a adoção de uma tecnologia limpa na construção de um empreendimento aliada à automação em todos os processos, uma residência, segundo Falcão, pode ser construída com menos tempo, gerando menos resíduo, com acústica e térmica melhores que as praticadas pelos modelos convencionais.

Processos devem ser conectados

Um outro ponto importante, na avaliação de Isaac, está na fase de dimensionamento dos projetos de engenharia. São os projetos estruturais, elétricos e hidráulicos.

“Usamos uma plataforma, uma solução que possibilita maior eficiência, melhor efetividade e menos danos ao nosso negócio, seja na escolha dos materiais em si. Creio que algumas práticas em sustentabilidade exigem muitas mudanças nos processos na escolha de nossos fornecedores, por exemplo. No nível local, ainda há de se avançar, pois empresas menores ainda não conseguem acompanhar por falta de recursos”, conclui.

 

Ao tudo que nos foi compartilhado de aprendizado, o momento para o setor é de desenvolver soluções inovadoras e sustentáveis, com mais uso de matéria prima local, menos água, mais eficiência na tecnologia, com a adoção de uma construção limpa.

 

Até a próxima

*Coluna Comunicação & Sustentabilidade escrita para o Jornal do Sertão PE, publicada nesta quarta-feira (25/01)

 

 

 

 

 

 

Please follow and like us:

Luciana Leão

Leia mais →

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

5 + 14 =

Twitter
Visit Us
Follow Me
LinkedIn
Share
Instagram