Suíça é exemplo de autodisciplina em meio ambiente

Há cinco anos estive visitando à Suíça. Especificamente, na cidade de Aarau, próximo a Berna, capital do país, e a Zurich, a metrópole mais habitada e onde se concentra grande parte da economia, do mercado financeiro.

Pois bem. Por quê lembrar de uma viagem e trazer o tema lincado ao meio ambiente, neste dia em que o mundo celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente?

Aos bons exemplos, sigamos

Simples. Vamos dar ênfase aos bons exemplos. Lá, a consciência ambiental está incorporada em todas as famílias, independente de classes sociais, no cerne das autoridades distritais e nacionais. Por adotar um sistema político sob gestão distrital, em cada “cantão” como é denominado, a população tem poder de voto para as principais decisões locais e nacionais, quando convocados para um plebiscito.

E mais. A partir dessas participações pesquisas mostram que a principal preocupação do cidadão suíço não é emprego e renda ou o terrorismo, mas o meio ambiente. Especialmente preocupante é o aquecimento global do clima.

A questão do lixo

No caso específico dos lixos produzidos pelas pessoas em suas casas, das indústrias, no comércio, se não houver separação do que pode ser reciclado e o que não deve, o cidadão ou empresas são avisados numa primeira tentativa, por vizinhos e pela polícia. Se houver reincidência são multados.

O mesmo acontece quando você está andando na rua. Se jogar algum tipo de lixo na rua, com certeza, alguém estará vendo seu comportamento. E você será multado. Já pensaram como seria uma confusão boa aqui no Brasil?

Energia renovável e recurso hídrico 

No que concerne aos investimentos em energias renováveis, boa parte dos prédios possuem painéis fotovoltaicos, iluminação de LED e bombas geotérmicas, capazes de extrair energia da água para oferecer aquecimento e refrigeração sustentável.

Outra iniciativa que transforma a vida das pessoas naquele pequeno país europeu é em relação às políticas de saneamento. O país possui a “Ara Berna”, uma das estações de tratamento de águas mais modernas da Europa, dessa forma a Suíça consegue não somente cuidar bem dos seus recursos hídricos, mas fazer com que a lama residual dos esgotos seja transformada em biogás, combustível utilizado pelos ônibus na cidade de Berna, capital do país.

E no Brasil?

No Brasil, onde o acesso à educação não é visto como prioridade pelo atual governo federal não seria de se estranhar o não cumprimento das diretrizes públicas que, desde 1981 incluiu a educação ambiental como disciplina que integra os currículos em todos os níveis de ensino, inclusive na educação não formal.

Sim, educação, eis um fator determinante para que um país se desenvolva de forma justa,  igualitária, sustentável economicamente e social.

Mas, por sabermos que essa realidade está longe de ser atingida, pensem comigo: as mudanças sempre começam por nós cidadãos.  Concordam?A responsabilidade de cuidar de nosso entorno é nosso também, não somente das autoridades públicas. Temos que aprender com os bons exemplos, mesmo vindo de países completamente antagônicos como o exemplo citado, a Suíça.

Nesse atual momento de falta de “norte” de governança no nosso país tudo depende de nós. De querer fazer a mudança acontecer.

Avanços? 

Outro país de destaque em questões ambientais é a Dinamarca, que ocupa a liderança hoje do **Índice de Desempenho Ambiental, segundo o mais recente estudo de EPI Wolf, MJ, Emerson, JW, Esty, DC, de Sherbinin, A., Wendling, ZA, et al. (2022). New Haven, CT: Yale Center for Environmental Law & Policy. epi.yale.edu.

O Brasil, segundo o mesmo estudo, ocupa a 81ª posição no mundo, dentre as 180 nações analisadas, e entre os países da América Latina e caribenhos está em 19º em relação ao Índice de Desempenho Ambiental (EPI 2022).

Um item que chama atenção no relatório é o que mede a quantidade de plásticos oceânicos. Na análise do relatório, uma pontuação de 100 indica que um país emite zero toneladas de plástico a cada ano, enquanto uma pontuação de 0 indica que um país está entre os maiores poluidores de plástico oceânico. No caso do Brasil, as cifras não são das melhores: o país está na 130ª posição com uma pontuação de 5,80. Infelizmente.

Índice de desmatamento na Amazônia bateu recorde no primeiro trimestre de 2022. Foto: Imagem: Rich Carey – Shutterstock

O mesmo ocorre com a perda de cobertura arbórea em proporção, de acordo com o estudo que analisa a perda média anual de área florestal nos últimos cinco anos, dividida pela extensão total da área florestal no ano 2000.

As áreas florestadas incluem parcelas com ≥ 30% de cobertura do território. Reconhecendo o maior valor das florestas maduras, essa métrica analisa apenas as perdas brutas, não líquidas. Os dados para este indicador vêm do Global Forest Watch .

Uma pontuação de 100 indica praticamente nenhuma perda de cobertura arbórea e uma pontuação de 0 indica os piores níveis de perda.

No nosso caso brasileiro, infelizmente, e conhecemos bem de perto essa realidade, as queimadas ininterruptas na Floresta Amazônica, nos cerrados, na Mata Atlântica e na Caatinga contribuem para o fraco desempenho do Brasil: o país ocupa a 114ª posição com 10.20 de pontuação de perdas e -4,30 (mudanças nos últimos 10 anos, ou seja, estamos negativados).

O que fazer, como mudar, todas essas questões dependem da consciência e compromisso de cada um de nós. Mas, sobretudo de nossos governantes, parlamentares, do poder judiciário. Tais atores estão na linha de frente das decisões. Ao povo, cabe cada vez mais reinvidicar, sugerir mudanças, e fazer as mudanças de dentro para fora, não somente em discursos.

É por aí.

** O estudo de Desempenho Ambiental (EPI) de 2022 é um resumo baseado em dados do estado da sustentabilidade em todo o mundo. Usando 40 indicadores de desempenho em 11 categorias de questões, o EPI classifica 180 países em desempenho em mudanças climáticas, saúde ambiental e vitalidade do ecossistema.

Esses indicadores fornecem uma medida em escala nacional de quão próximos os países estão das metas de política ambiental estabelecidas. O EPI oferece uma poderosa ferramenta política de apoio aos esforços para atingir as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e levar a sociedade em direção a um futuro sustentável.

Link para baixar o estudo > https://epi.yale.edu/about-epi

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Luciana Leão

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One thought on “Suíça é exemplo de autodisciplina em meio ambiente

  1. João Carlos Simões Neves 5 de junho de 2022 at 22:06

    Em parte concordo. mas o atual governo não é responsável por essas estatísticas.

    Responder

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