Um estudo liderado pelo pesquisador Bergson Bezerra, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), constatou que o bioma da Caatinga é um dos principais responsáveis pela absorção do maior causador do efeito estufa: o Dióxido de Carbono (CO²).
Intitulada “Seasonal variation in net ecosystem CO² exchange of a brazilian seasonally dry tropical forest” (ou ‘Variação sazonal na troca líquida de CO² do ecossistema de uma floresta tropical seca brasileira’, em português), a pesquisa foi desenvolvida pelo Grupo de Estudos Observacionais e de Modelagem da Interação Biosfera-Atmosfera (Geoma) da UFRN e publicado pela revista ‘Scientific Reports’.
Resultados
O estudo buscou analisar teorias que consideram ecossistemas secos, como a Caatinga, como ineficientes na absorção do CO², diferentemente dos demais biomas e florestas.
No entanto, a pesquisa de Bergson provou justamente o contrário. “A Caatinga sempre foi tratada como floresta pobre, insignificante, desprezível”, afirmou o pesquisador.
A pesquisa foi realizada em parceria entre pesquisadores, estudantes e professores da UFRN, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), de Campina Grande (UFCG), do Oeste do Pará (UFOPA), do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Nacional do Semiárido (Insa).
O estudo científico selecionou a região da Reserva Ecológica (Esec) Seridó, localizada no sul do Rio Grande do Norte, e estudou a captação e liberação de CO² no ecossistema de janeiro de 2014 a outubro de 2015.
Os pesquisadores constataram que a Caatinga, durante o período, conseguiu sequestrar cerca de 3 toneladas de carbono por hectare.
Tal resultado demonstra que, ao contrário do que se acreditava anteriormente, o bioma é mais eficiente na captação de CO² do que todos os outros tipos de florestas estudadas até então.
Devido a essa capacidade, a pesquisa aponta que a Caatinga pode ser classificada como um sumidouro de Dióxido de Carbono.
“Um ecossistema é considerado um sumidouro de CO² se absorve ou sequestra mais CO² do que emite. Um sumidouro é um aliado no combate aos efeitos das mudanças climáticas”, explicou.
Políticas públicas
Segundo Bergson, a pesquisa ainda reforça a importância da formulação de políticas públicas e ações que auxiliem na preservação do bioma.
“A caatinga é o bioma brasileiro menos estudado e protegido. E infelizmente esta é a realidade de todas as florestas tropicais sazonalmente secas do mundo”, destacou.